Muito me honrou o convite de escrever para o Vera Cruz. Preste mister, o tema inicial que escolhi, e que me é muito caro, também me soa atualíssimo. A tal Engenharia social e suas macabras “tecnologias de dissonâncias mentais”. Algo como enfiar um quadrado dentro de um círculo capturando o imaginário do incauto. Pelas coincidências não casuais (não acredito no deus acaso destes “científicos” dias), iniciei a escrever no mesmo dia (vi depois) em que Aldous Huxley (do Admirável Mundo Novo, entre outros admiráveis livros) escreveu famosa carta para George Orwell (autor de 1984 e Revolução dos Bichos), a exatamente 71 anos (21/10/1949). Huxley desde lá alerta que a revolução em marcha estaria além da política e da economia, denunciando já em galope acelerado, a subversão total da psicologia e também da fisiologia (funções biológicas) dos humanos. Ou seja, o engenho de criar robôs de carne e osso, que não teriam a percepção da clonagem das caixas mentais em série, e que acreditariam piamente na possibilidade de espaços de fala altamente “personalizados”. Um paradoxo atualíssimo, visível no make up da geração SmartPhone. A busca frenética de ser alguém único, só os levam a serem mais do mesmo manequim tattoo, com repertório reduzidíssimo de frases em jargão monótono. Huxley “profetiza” a conjunção da Libido Dominandi a lá Marques de Sade, combinada com narco-hipnose e condicionamento mental por repetição de curtas sentenças hipnóticas, como o sombrio horizonte que adviria. Leiam em tom profético, por obséquio, o paragrafo abaixo.
“Dentro da próxima geração, eu acredito que os governadores do mundo irão descobrir que o condicionamento infantil e a narco-hipnose são mais eficientes, como instrumentos de governança, do que porretes e prisões, e que a cobiça pelo poder pode ser completamente satisfeita ao sugerir que as pessoas amem a sua servidão, ao invés de chicoteá-las e chutá-las à obediência”.
Pois é, o futuro de Aldous é o nosso presente. A mansidão do rebanho atemorizado por “pesquisas científicas” mancas, que de tese em tese já chegam à conclusão sem passar pela prova soberana da antítese. O necessário “espancamento dos dados a céu aberto” até a confissão da mentira ou da verdade escondida ou não em sopinhas de números geradores de fatos. Churchill com o seu veredicto “eu só acredito nas estatísticas que eu mesmo manipulo”, nunca esteve tão atual. A este conjunto de dissimulações gráficas hibridizadas com slogans politicamente corretos, junta-se a escravidão sexual pelo libertinismo desrepressor. O “flectere si nequeo superos, acheronta movebo” da epígrafe do livro Interpretação de Sonhos do Freud (1900) à enésima potencia. Tal sentença latina ao ser traduzida bem que poderia estar gravada na lápide destes dias de paganismo libertário; O Dr Sigmund sentenciou-nos no raiar do século passado; eis a tradução “se os poderes superiores me ignoram, os poderes infernais moverei”. Pois bem, movidos estão tais dias e em ritmo infernal. Aos cristãos só cabe dizer; Senhor, tenha Piedade de nós!!!
Brasília, 21 de outubro de 2020.