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A mente humana em geral quando pensa nutrição, evoca uma quantidade de imagens relacionadas a alimentos, sejam carnes, ovos, lácticos, frutas, verduras, raízes…. Esta construção mental é formulada por palavras, com seus sons interiores, letreiros, imagens e “sabor” emocional. Imagino que é assim independente do idioma. As palavras mudam, mas o “constructo” mental é bem semelhante em todas as raças. Seja food, nourriture, cibo ou comida, a totalidade da percepção é muito semelhante em todos os seres humanos. Acontece que este que vos tecla, não começa a sua nutrologia por esta conceituação tradicional. Para a nossa espécie e para as plantas, o nosso primeiro alimento vem de fora deste circulo terrestre, e em português o chamamos de Luz Solar.

(Daqui em diante vou procurar utilizar a metalinguagem cientifica procurando traduzi-la para o português, utilizando quando possível, metáforas).

Assim, a Luz brilhante e colorida que nossos olhos captam, é uma pequena janela do espectro do que nos chega do Sol. Utilizamos um linguajar sofisticado para falar disto em ciência. Radiação eletromagnética, fótons, comprimento de onda, frequência, amplitude. Subdividimos o fenômeno para tentar compreende-lo. Depois tentamos reuni-lo, mas aí já é tarde demais. Dividido está. É visto como coisa inerte e a Vida se esvai entre os dedos. Aristóteles filosofava que todo o discurso humano sobre qualquer fenômeno objetivo ou subjetivo, deveria obedecer 4 discursos para alcançar a sua totalidade: a poética, a retórica, a dialética e a lógica (analítica). Eis que estamos resumidos e encarcerados no ultimo deles, como se a verdade só por ela fosse possível conhecer. Qual destes te referes? Oras, a lógica materialista sem poesia, vazia de retórica e pobre em dialética dos nossos racionalistas dias.

Dito isto vamos ao tema. Vejam, tudo que vou teclar é convencional. Somos nós humanos que estabelecemos estes termos e consequente cosmovisão. O fenômeno em si independe de nós. Nós, sim, dependemos dele. Dito isto sigamos. A radiação ultra-violeta, ou UV, é uma janela invisível aos nossos olhos, que vai de 200 a 400 nanômetros (unidade de medida mais perto do nada do que “de coisa” alguma) de comprimento da onda luminosa. Aparelhos sensíveis captam-na e a tornam visível aos nossos olhos em forma de gráficos. Devido a propriedades de empacotamento de energia, subdividimos está janela UV em 3 janelinhas. As nomeamos de UVA, UVB, UVC. Somente a UVA e a maior parte das UVBs ultrapassam a barreira de Ozonio (O3) e chegam à superfície da Terra e à pele humana (daí o perigo dos “buracos” na camada que possibilitam a chegada das outras que deveriam ser refletidas para o espaço sem fim).

A UVA alcança o solo em quantidades até 100 xs mais do que a UVB e, embora tenha menos pacotes de energia, sua penetração na pele alcança maiores profundidades, podendo causar danos bem mais graves que as tão difamadas, UVBs. Elas sim são as maiores causas de rugas por hiper-oxidar as estruturas elásticas, e de melanomas por lesão do sistema imune e melanócitos. Por sua vez a UVB é, se em excesso, causa de outros canceres de pele e, em caso de graves queimaduras solares, pode contribuir para o aparecimento do perigoso melanoma.

Dica – ao usarem filtro solar prestem atenção se ele tem bloqueadores de UVA. Interroga-se que por estes terem durante algum tempo, somente bloqueadores de UVB (dando a sensação de falsa proteção, e consequente aumento da exposição deixando passar as UVAs) o aparecimento de uma “epidemia” de melanomas nos US.

Então seguindo o raciocínio acima devemos sempre nos lambuzar com filtro solar quando ao Sol? A resposta é NÃO.

Nossa biblioteca genética formada por milhares de anos de exposição, necessita de uma carga de radiação UVB diária. Agora, com cuidado, obviamente. Assim, um ariano necessitará com 60% do corpo descoberto, de 15 a 20 minutos sob o SOL do nascente às 10 da manhã ou então das 16 hs até o poente. Ou somente de 10 minutos se das 10 hs até as 16. Um ser humano com pele mais escura, precisará do dobro de tempo. IMPORTANTE, SEM FILTRO SOLAR. Mais tempo não é necessário. O processo é tão nosso, tão fisiológico, que depois de fazermos a nossa cota pessoal DIÁRIA, ficar mais tempo não aumentará um átimo na vitamina D produzida. Um comando de retroalimentação chega do cérebro e bloqueia a produção pela célula epitelial. Assim, ao irmos à praia devemos obedecer está janela de tempo e depois sim, passar o filtro próprio.

Dica – homem é fácil, basta vestir uma bermuda e ficar sem camisa. Já a mulher, uma camisa cavada e uma bermuda é suficiente, um boné, para fazer sombra no rosto, não prejudicará. O ponto exato (variações individuais existem) é de sair com um leve ardor na pele e observar que o enrubescimento se dará ao longo do dia. Mesmo os mais morenos percebem isto.

Mas como se dá este processo? Simples. A célula epitelial humana tem na sua membrana celular como constituinte, um colesterol por nome 5 dihidrocolesterol, que é biotransformado em Vitamina D solar (inativa), a partir de empacotamento de moléculas de hidrogênio pela ação da radiação UVB de 290 a 319 nm. Em outras palavras, a formidável radiação produz uma chuva de H2 neste colesterol e dele “nasce” a Vitamina D 25 OH. Esta vai para o fígado via sangue e lá uma parte daquele H2 é retirado liberando um pacote de radiação (de desconhecida atuação), produzindo a vitD 25 OH, em escala mil vezes menor (nanograma/um bilhão da grama). Está ainda inativa (ainda não foi encontrada qualquer atividade a nível celular), vai então pelo sangue ao Rim e lá mais H2 é retirado (processo de hidroxilação), liberando mais energia (também não sabemos para que serve) chegando a Vit D 1,25 OH (escala de picograma/1 trilhão da grama). Está renal sim é ativa, mas é ativa quanto ao metabolismo de Cálcio e Fósforo. Acontece que tal metabolismo é tão fundamental que o organismo dá prioridade absoluta a ele e, atenção, o que SOBRAR de Vit D 25OH (hepática) depois de fazer a D renal é que vai para 36 tipos diferentes de células, para que cada uma faça a sua 1,25 “própria”. Ou seja, o neurônio faz a neuronal ativa, a cardíaca faz a cardíaca ativa, o linfócito faz a linfocitária ativa. Em suma, as 75 trilhões de células em média que performam o corpo de um homem de 1.70, fazem a sua “pessoal” e intransferível Vitamina D com D de divina.

Brasília, 24 de fevereiro de 2017

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